Bacharel em Filosofia pela Universidade de São Paulo. Licenciado em Filosofia pela Universidade de São Paulo. Especialista em Educação no Ensino Superior. Especialista em Filosofia pela UNESP. LICENCIADO EM PEDAGOGIA - UNESP. BACHAREL EM TEOLOGIA PELA FACULDADE DA CONGREGAÇÃO DOS MISSIONÁRIOS CLARETIANOS
SE O TEMPO FOSSE OURO..., TALVEZ PUDESSES PERDÊ-LO. - MAS O TEMPO É VIDA, E TU NÃO SABES QUANTA TE RESTA.
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
COLAÇÃO DE GRAU DA TURMA DE 2011
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IHS
Cláudio Antônio Arantes Pompeu 20/12/2011
SENHORAS E SENHORES
AMIGOS E AMIGAS
Quero aqui dirigir umas poucas palavras aos formandos que aqui estão, a quem, tive a oportunidade de acompanhar neste ano de 2011, e alguns de vocês , desde de o ano de 2009.
Longe de ser uma conquista, os formandos que aqui estão, cumpriram a ultima etapa que separa a vida do jovem, da vida da cidadania plena. A Escola Mário Marques de Oliveira, onde vocês cumpriram essa ultima etapa, foi o ultimo palco onde vocês vivenciaram o valor dos amigos, dos companheiros, das diferenças, além de terem algum contato com o conhecimento acumulado por toda a humanidade
Agora, é chegada a hora de praticar os valores éticos, da cidadania, do encontra com o outro , da participação vida na política e econômica do pais, do respeito ao meio ambiente ,e, daqui a pouco, da constituição de novas famílias, que deverão ser vividas com mesmos valores familiares que herdamos de nossa tradição, mesmo que, em um ou outro caso, esses mesmos valores não tenham sido vivenciados por um ou outro dos que aqui estão. E digo isso, por sei, que a vivencias dos seres humanos podem ser muitas, uma mais felizes outra nem tanto, mas, a cada um de vocês , que estão aqui nessa solenidade, se aplicam as palavras do filósofo Frances Jean Paul Sartre : Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você.
Se assim é, cada um de vocês que aqui estão , estão irrompendo para a prática da liberdade e terão varias conquistas pela frente, as verdadeiras conquistas, todas as que vocês quiserem, pois como disse o mesmo Sartre, "Quando, alguma vez, a liberdade irrompe numa alma humana , o destino deixa de poder seja o que for contra essa alma”.
Por isso 2012, não será como dizem os Maias, o ano do fim do mundo, 2012 será o primeiro ano do resto de vossas vidas, que com a ajuda de Deus, será uma vida repleta de realizações e de felicidades, será uma bela vida.
Deus abençoe a todos
A.M.D.G.
domingo, 9 de outubro de 2011
ÉTICA E POLÍTICA
Bento XVI no dia 22 de setembro de 2011 faz um discurso em Berlim, diante dos altos executivos do governo e da chanceler federal.
O Papa tece considerações de altíssmo nível intelectual e filosófico contra a "Nova Ordem", como um sistema filosófico e critica o embuste do direito positivo e a tirania da maioria.
Ilustre Senhor Presidente Federal!
Senhor Presidente do Bundestag!
Senhora Chanceler Federal!
Senhor Presidente do Bundesrat!
Senhoras e Senhores Deputados!
Constitui para mim uma honra e uma alegria falar diante desta Câmara Alta, diante do Parlamento da minha Pátria alemã, que se reúne aqui em representação do povo, eleita democraticamente para trabalhar pelo bem da República Federal da Alemanha. Quero agradecer ao Senhor Presidente do Bundestag o convite que me fez para pronunciar este discurso, e também as amáveis palavras de boas-vindas e de apreço com que me acolheu.
Neste momento, dirijo-me a vós, prezados Senhores e Senhoras, certamente também como concidadão que se sente ligado por toda a vida às suas origens e acompanha solidariamente as vicissitudes da Pátria alemã. Mas o convite para pronunciar este discurso foi-me dirigido a mim como Papa, como Bispo de Roma, que carrega a responsabilidade suprema da Igreja Católica. Deste modo, vós reconheceis o papel que compete à Santa Sé como parceira no seio da Comunidade dos Povos e dos Estados. Na base desta minha responsabilidade internacional, quero propor-vos algumas considerações sobre os fundamentos do Estado liberal de direito.
Seja-me permitido começar as minhas reflexões sobre os fundamentos do direito com uma pequena narrativa tirada da Sagrada Escritura. Conta-se, no Primeiro Livro dos Reis, que Deus concedeu ao jovem rei Salomão fazer um pedido por ocasião da sua entronização. Que irá pedir o jovem soberano neste momento tão importante: sucesso, riqueza, uma vida longa, a eliminação dos inimigos? Não pede nada disso; mas sim: “Concede ao teu servo um coração dócil, para saber administrar a justiça ao teu povo e discernir o bem do mal” (1 Re 3, 9).
Com esta narração, a Bíblia quer indicar-nos o que deve, em última análise, ser importante para um político. O seu critério último e a motivação para o seu trabalho como político não devem ser o sucesso e menos ainda o lucro material.
A política deve ser um compromisso em prol da justiça e, assim, criar as condições de fundo para a paz. Naturalmente um político procurará o sucesso, que, de per si, lhe abre a possibilidade de uma ação política efetiva; mas o sucesso há-de estar subordinado ao critério da justiça, à vontade de atuar o direito e à inteligência do direito. É que o sucesso pode tornar-se também um aliciamento, abrindo assim a estrada à falsificação do direito, à destruição da justiça. “Se se põe de parte o direito, em que se distingue então o Estado de uma grande banda de salteadores?” – sentenciou uma vez Santo Agostinho (De civitate Dei IV, 4, 1).
Nós, alemães, sabemos pela nossa experiência que estas palavras não são um fútil espantalho. Experimentamos a separação entre o poder e o direito, o poder colocar-se contra o direito, o seu espezinhar o direito, de tal modo que o Estado se tornara o instrumento para a destruição do direito: tornara-se uma banda de salteadores muito bem organizada, que podia ameaçar o mundo inteiro e impeli-lo até à beira do precipício. Servir o direito e combater o domínio da injustiça é e permanece a tarefa fundamental do político.
Num momento histórico em que o homem adquiriu um poder até agora impensável, esta tarefa torna-se particularmente urgente. O homem é capaz de destruir o mundo. Pode manipular-se a si mesmo. Pode, por assim dizer, criar seres humanos e excluir outros seres humanos de serem homens. Como reconhecemos o que é justo? Como podemos distinguir entre o bem e o mal, entre o verdadeiro direito e o direito apenas aparente? O pedido de Salomão permanece a questão decisiva perante a qual se encontram também hoje o homem político e a política.
Grande parte da matéria que se deve regular juridicamente, pode ter por critério suficiente o da maioria. Mas é evidente que, nas questões fundamentais do direito em que está em jogo a dignidade do homem e da humanidade, o princípio maioritário não basta: no processo de formação do direito, cada pessoa que tem responsabilidade deve ela mesma procurar os critérios da própria orientação.
No século III, o grande teólogo Orígenes justificou assim a resistência dos cristãos a certos ordenamentos jurídicos em vigor: “Se alguém se encontrasse no povo de Scizia que tem leis irreligiosas e fosse obrigado a viver no meio deles, (…) estes agiriam, sem dúvida, de modo muito razoável se, em nome da lei da verdade que precisamente no povo da Scizia é ilegalidade, formassem juntamente com outros, que tenham a mesma opinião, associações mesmo contra o ordenamento em vigor” [Contra Celsum GCS Orig. 428 (Koetschau); cf. A. Fürst, "Monotheismus und Monarchie. Zum Zusammenhang von Heil und Herrschaft in der Antike", in Theol.Phil. 81 (2006) 321-338; a citação está na página 336; cf. também J. Ratzinger, Die Einheit der Nationem, Eine Vision der Kirchenväter (Salzburg-München 1971) 60].
Com base nesta convicção, os combatentes da resistência agiram contra o regime nazista e contra outros regimes totalitários, prestando assim um serviço ao direito e à humanidade inteira. Para estas pessoas era evidente de modo incontestável que, na realidade, o direito vigente era injustiça. Mas, nas decisões de um político democrático, a pergunta sobre o que corresponda agora à lei da verdade, o que seja verdadeiramente justo e possa tornar-se lei não é igualmente evidente.
Hoje, de fato, não é de per si evidente aquilo que seja justo e possa tornar-se direito vigente relativamente às questões antropológicas fundamentais. À questão de saber como se possa reconhecer aquilo que verdadeiramente é justo e, deste modo, servir a justiça na legislação, nunca foi fácil encontrar resposta e hoje, na abundância dos nossos conhecimentos e das nossas capacidades, uma tal questão tornou-se ainda muito mais difícil.
Como se reconhece o que é justo? Na história, os ordenamentos jurídicos foram quase sempre religiosamente motivados: com base numa referência à Divindade, decide-se aquilo que é justo entre os homens.
Ao contrário doutras grandes religiões, o cristianismo nunca impôs ao Estado e à sociedade um direito revelado, um ordenamento jurídico derivado duma revelação. Mas apelou para a natureza e a razão como verdadeiras fontes do direito; apelou para a harmonia entre razão objectiva e subjectiva, mas uma harmonia que pressupõe serem as duas esferas fundadas na Razão criadora de Deus. Deste modo, os teólogos cristãos associaram-se a um movimento filosófico e jurídico que estava formado já desde o século II (a.C.).
De fato, na primeira metade do século II pré-cristão, deu-se um encontro entre o direito natural social, desenvolvido pelos filósofos estoicos, e autorizados mestres do direito romano [cf. W. Waldstein, Ins Herz geschrieben. Das Naturrecht als Fundament einer menschlichen Gesellschaft (Augsburg 2010) 11ss; 31-61]. Neste contacto nasceu a cultura jurídica ocidental, que foi, e é ainda agora, de importância decisiva para a cultura jurídica da humanidade.
Desta ligação pré-cristã entre direito e filosofia parte o caminho que leva, através da Idade Média cristã, ao desenvolvimento jurídico do Iluminismo até à Declaração dos Direitos Humanos e depois à nossa Lei Fundamental alemã, pela qual o nosso povo reconheceu, em 1949, “os direitos invioláveis e inalienáveis do homem como fundamento de toda a comunidade humana, da paz e da justiça no mundo”.
Foi decisivo para o desenvolvimento do direito e o progresso da humanidade que os teólogos cristãos tivessem tomado posição contra o direito religioso, requerido pela fé nas divindades, e se tivessem colocado da parte da filosofia, reconhecendo como fonte jurídica válida para todos a razão e a natureza na sua correlação. Esta opção realizara-a já São Paulo, quando afirma na Carta aos Romanos: “Quando os gentios que não têm a Lei [a Torah de Israel], por natureza agem segundo a Lei, eles (…) são lei para si próprios. Esses mostram que o que a Lei manda praticar está escrito nos seus corações, como resulta do testemunho da sua consciência” (Rm 2, 14-15).
Aqui aparecem os dois conceitos fundamentais de natureza e de consciência, sendo aqui a “consciência” o mesmo que o "coração dócil" de Salomão, a razão aberta à linguagem do ser. Deste modo se até à época do Iluminismo, da Declaração dos Direitos Humanos depois da II Guerra Mundial e até à formação da nossa Lei Fundamental, a questão acerca dos fundamentos da legislação parecia esclarecida, no último meio século verificou-se uma dramática mudança da situação.
Hoje considera-se a ideia do direito natural uma doutrina católica bastante singular, sobre a qual não valeria a pena discutir fora do âmbito católico, de tal modo que quase se tem vergonha mesmo só de mencionar o termo. Queria brevemente indicar como se veio a criar esta situação. Antes de mais nada é fundamental a tese segundo a qual haveria entre o ser e o dever ser um abismo intransponível: do ser não poderia derivar um dever, porque se trataria de dois âmbitos absolutamente diversos.
A base de tal opinião é a concepção positivista, quase geralmente adoptada hoje, de natureza e de razão. Se se considera a natureza – no dizer de Hans Kelsen - “um agregado de dados objetivos, unidos uns aos outros como causas e efeitos”, então realmente dela não pode derivar qualquer indicação que seja de algum modo de carácter ético (Waldstein, op. cit., 15-21).
Uma concepção positivista de natureza, que compreende a natureza de modo puramente funcional, tal como a explicam as ciências naturais, não pode criar qualquer ponte para a ética e o direito, mas suscitar de novo respostas apenas funcionais.
Entretanto o mesmo vale para a razão numa visão positivista, que é considerada por muitos como a única visão científica. Segundo ela, o que não é verificável ou falsificável não entra no âmbito da razão em sentido estrito.
Por isso, a ética e a religião devem ser atribuídas ao âmbito subjectivo, caindo fora do âmbito da razão no sentido estrito do termo. Onde vigora o domínio exclusivo da razão positivista – e tal é, em grande parte, o caso da nossa consciência pública –, as fontes clássicas de conhecimento da ética e do direito são postas fora de jogo. Esta é uma situação dramática que interessa a todos e sobre a qual é necessário um debate público; convidar urgentemente para ele é uma intenção essencial deste discurso.
O conceito positivista de natureza e de razão, a visão positivista do mundo é, no seu conjunto, uma parcela grandiosa do conhecimento humano e da capacidade humana, à qual não devemos de modo algum renunciar. Mas ela mesma no seu conjunto não é uma cultura que corresponda e seja suficiente ao ser humano em toda a sua amplitude.
Onde a razão positivista se considera como a única cultura suficiente, relegando todas as outras realidades culturais para o estado de subculturas, aquela diminui o homem, antes, ameaça a sua humanidade. Digo isto pensando precisamente na Europa, onde vastos ambientes procuram reconhecer apenas o positivismo como cultura comum e como fundamento comum para a formação do direito, enquanto todas as outras convicções e os outros valores da nossa cultura são reduzidos ao estado de uma subcultura.
Assim coloca-se a Europa, face às outras culturas do mundo, numa condição de falta de cultura e suscitam-se, ao mesmo tempo, correntes extremistas e radicais. A razão positivista, que se apresenta de modo exclusivista e não é capaz de perceber algo para além do que é funcional, assemelha-se aos edifícios de cimento armado sem janelas, nos quais nos damos o clima e a luz por nós mesmos e já não queremos receber estes dois elementos do amplo mundo de Deus. E no entanto não podemos iludir-nos, pois em tal mundo auto-construído bebemos em segredo e igualmente nos "recursos" de Deus, que transformamos em produtos nossos. É preciso tornar a abrir as janelas, devemos olhar de novo a vastidão do mundo, o céu e a terra e aprender a usar tudo isto de modo justo.
Mas, como fazê-lo? Como encontramos a entrada justa na vastidão, no conjunto? Como pode a razão reencontrar a sua grandeza sem escorregar no irracional? Como pode a natureza aparecer novamente na sua verdadeira profundidade, nas suas exigências e com as suas indicações? Chamo à memória um processo da história política recente, esperando não ser mal entendido nem suscitar demasiadas polêmicas unilaterais.
Diria que o aparecimento do movimento ecológico na política alemã a partir dos Anos Setenta, apesar de não ter talvez aberto janelas, todavia foi, e continua a ser, um grito que anela por ar fresco, um grito que não se pode ignorar nem acantonar, porque se vislumbra nele muita irracionalidade. Pessoas jovens deram-se conta de que, nas nossas relações com a natureza, há algo que não está bem; que a matéria não é apenas uma material para nossa feitura, mas a própria terra traz em si a sua dignidade e devemos seguir as suas indicações. É claro que aqui não faço propaganda por um determinado partido político; nada me seria mais alheio do que isso.
Quando na nossa relação com a realidade há qualquer coisa que não funciona, então devemos todos refletir seriamente sobre o conjunto e todos somos reenviados à questão acerca dos fundamentos da nossa própria cultura. Seja-me permitido deter-me um momento mais neste ponto. A importância da ecologia é agora indiscutível. Devemos ouvir a linguagem da natureza e responder-lhe coerentemente. Mas quero ainda enfrentar decididamente um ponto que, hoje como ontem, é largamente descurado: existe também uma ecologia do homem. Também o homem possui uma natureza, que deve respeitar e não pode manipular como lhe apetece.
O homem não é apenas uma liberdade que se cria por si própria. O homem não se cria a si mesmo. Ele é espírito e vontade, mas é também natureza, e a sua vontade é justa quando ele escuta a natureza, respeita-a e quando se aceita a si mesmo por aquilo que é e que não se criou por si mesmo. Assim mesmo, e só assim, é que se realiza a verdadeira liberdade humana.
Voltemos aos conceitos fundamentais de natureza e razão, donde partíramos. O grande teórico do positivismo jurídico, Kelsen, em 1965 – com a idade de 84 anos –, abandonou o dualismo entre ser e dever ser. Dissera que as normas só podem derivar da vontade.
Consequentemente, a natureza só poderia conter em si mesma normas, se uma vontade tivesse colocado nela estas normas. Entretanto isto pressuporia um Deus criador, cuja vontade se inseriu na natureza. “Discutir sobre a verdade desta fé é absolutamente vão – observa ele a tal propósito (citado segundo Waldstein, op.cit., 19). Mas sê-lo-á verdadeiramente? – apetece-me perguntar. É verdadeiramente desprovido de sentido refletir se a razão objectiva que se manifesta na natureza não pressuponha uma Razão criadora, um Creator Spiritus?
Aqui deveria vir em nossa ajuda o patrimônio cultural da Europa. Foi na base da convicção sobre a existência de um Deus criador que se desenvolveram a ideia dos direitos humanos, a ideia da igualdade de todos os homens perante a lei, o conhecimento da inviolabilidade da dignidade humana em cada pessoa e a consciência da responsabilidade dos homens pelo seu agir. Estes conhecimentos da razão constituem a nossa memória cultural. Ignorá-la ou considerá-la como mero passado seria uma amputação da nossa cultura no seu todo e privá-la-ia da sua integralidade.
A cultura da Europa nasceu do encontro entre Jerusalém, Atenas e Roma, do encontro entre a fé no Deus de Israel, a razão filosófica dos Gregos e o pensamento jurídico de Roma. Este tríplice encontro forma a identidade íntima da Europa. Na consciência da responsabilidade do homem diante de Deus e no reconhecimento da dignidade inviolável do homem, de cada homem, este encontro fixou critérios do direito, cuja defesa é nossa tarefa neste momento histórico.
Ao jovem rei Salomão, na hora de assumir o poder, foi concedido formular um seu pedido. Que sucederia se nos fosse concedido a nós, legisladores de hoje, fazer um pedido? O que é que pediríamos? Penso que também hoje, em última análise, nada mais poderíamos desejar que um coração dócil, a capacidade de distinguir o bem do mal e, deste modo, estabelecer um direito verdadeiro, servir a justiça e a paz. Obrigado pela vossa atenção!
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quarta-feira, 5 de outubro de 2011
A EDUCAÇÃO JESUÍTICA: DA MÍSTICA DOS EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS À FORMAÇÃO DE UM INDIVÍDUO AUTÔNOMO
A EDUCAÇÃO JESUÍTICA: DA MÍSTICA DOS
EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS À FORMAÇÃO DE UM INDIVÍDUO AUTÔNOMO
Trabalho
de Conclusão de Curso apresentado a Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” como requisito de conclusão do Bacharelado em Pedagogia.
RESUMO
POMPEU, Cláudio
Antônio Arantes. A Educação Jesuítica: da Mística dos
Exercícios Espirituais à Formação de um Indivíduo Autônomo. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura Pedagogia), Universidade Estadual Paulista –
Júlio De Mesquita Filho – UNESP , São Paulo, 2013.
O presente trabalho pretende ser uma reflexão alternativa
sobre a educação baseada na Tradição Espiritual do Cristianismo, de modo
particular em uma de suas sínteses, que são os “Exercícios Espirituais de Santo
Inácio de Loyola”. Apresentamos os “Exercícios” como base da formação
Jesuítica e apontamos alguns aspectos
que possibilitam a formação de um indivíduo autônomo.
Palavras Chaves:
Exercícios Espirituais; Hierofania; Autonomia.
Introdução
“Para
conseguir com maior segurança e maior eficácia o seu fim apostólico –esclarecer
e dilatar a fé – a Companhia tem de preparar com estudos especiais, mesmo
profanos, um bom número de homens que se tornem capazes de exercer certos
ministérios, e sobretudo de se entregar ao trabalho científico propriamente
dito, sua preciosa e tradicional herança.
Por esse
caminho árduo se atingirá, ao menos mediata e lentamente, um bem mais
universal: na pessoa do sacerdote culto, a Igreja estará presente nos
trabalhos, investigações ansiedades e esperança dos homens do nosso tempo; e,
com a luz da divina revelação e duma sólida filosofia, iluminará
constantemente, interpretará e levará para Deus a mentalidade moderna.” Regras
da Companhia de Jesus e excertos do epítome, p. 79-80, Braga, 1964.)
Aos anos
90, foram os anos de minha formação acadêmica. Estudei Filosofia na
Universidade de São Paulo, na Cidade Universitária. Sempre residi na
zona leste da cidade, e ir para a USP, sempre foi uma “viagem”.
Entre
idas e vindas, entre 1993 e 2000, passei muitas vezes pela Abadia Nossa Senhora
da Assunção, mais conhecida como Mosteiro de São Bento, instituição quatro
vezes secular em nossa cidade, assim como seu marco seminal, o Pátio do
Colégio, local onde minha cidade começou, sob o impulso missionário e heróico
dos Jesuítas: Nóbrega, Anchieta e seus companheiros.
Numa
dessas idas e vindas, entrei no Mosteiro, onde tive um encontro fortuito com um
Irmão Beneditino, de nome Pascoal. Nesse tempo, eu já lecionava, e o Irmão
Pascoal, sabendo disso, fez um breve comentário sobre como a perseguição
de Pombal aos Jesuítas, e a questão religiosa no Reinado de D. Pedro II,
resultaram em um atraso, segundo ele, de pelo menos cem anos na educação
brasileira. Contou-me de como a Arqueabadia
da cidade do Rio de Janeiro, foi abandonada a ponto de vacas pastarem em seu
claustro, e de como os moços com vocação religiosa, ficaram privados de
ingresso aos noviciados.
Foi um encontra rápido, e depois daquilo, segui o meu caminho. Algum
tempo mais tarde, comecei a licenciatura na Faculdade de Educação da mesma
Universidade de São Paulo, e, foi lá que tive contato com a crítica fervorosa
contra a Educação no Período Colonial, que desrespeitou a identidade
cultural dos índios, impôs contra suas consciências uma nova religião,
conduziu-os como gado para a escravidão e o abate.
A oposição dos dois pontos de vista, o do velho monge beneditino, e aquele do
mundo acadêmico, extinguiu a unanimidade de minhas convicções mais íntimas
relacionadas à fé que professo, e, em um longo processo, fui, a cada golpe
desferido, contra a ação catequética da Sociedade de Jesus, me inteirando,
muito espontânea e lentamente sobre sua história. Primeiro, a
conversão de Santo Inácio de Loyola, depois a figura de Martinho Lutero, a vida
de Manuel de Nóbrega, José de Anchieta, e do espetacular São Francisco Xavier,
o “Apóstolo do Oriente”.
O
menológio da Companhia de Jesus datado de 1859, traz uma relação de feitos
memoráveis de mais de quatrocentos de seus membros. A Igreja elevou
à dignidade dos altares seiscentos e dezessete jesuítas, sendo cento
e oitenta e nove canonizados e quatrocentos e vinte e oito beatificados.
No campo
das ciências, a influência da Companhia não foi menos sentida. Entre 1540 e
1759 manteve em Portugal uma grande rede de ensino com proeminente
produção científica, só eclipsada pela propaganda pombalina.
Mais recentemente,
podemos notar a importância da atuação dos Jesuítas em várias
áreas da ciência, alguns deles reconhecidos como heróis do holocausto judaico,
atuantes na defesa dos direitos humanos. Mais recentemente, sobressaem os
nomes Pierre Teilhard de Chardin,
Karl Rahner, e Bernard
Lonergan e Pedro Arrupe, e, no Brasil, Luciano
Mendes de Almeida.
O pensamentos desses homens, não tem nada de
anacrônico nem atrasado, ao contrário, parecem indicar para um futuro, ainda
não vislumbrado no meio acadêmico:
"Deus, a quem sentia tão perto de mim, (…), irresistivelmente me atraiu
a si. E o descobri tão perto dos que
sofrem, dos que choram, dos que naufragam, nesta vida de exclusão, que se
acendeu em mim o ardente desejo de imitá-lo nesta voluntária proximidade dos
desamparados do mundo, pessoas que a sociedade despreza, porque nem sequer
suspeita que há uma alma vibrando debaixo de tanta dor" (Lamet, Pedro
Miguel SJ, "Arrupe, una explosión en la Iglesia", p. 59).
"Aparentemente,
a Terra Moderna nasceu de um movimento anti-religioso. O Homem bastando-se a si
mesmo. A Razão substituindo-se à Crença. Nossa geração e as duas precedentes
quase só ouviram falar de conflito entre Fé e Ciência. A tal ponto que pôde
parecer, a certa altura, que esta era decididamente chamada a tomar o lugar
daquela. Ora, à medida que a tensão se prolonga, é visivelmente sob uma forma
muito diferente de equilíbrio – não eliminação, nem dualidade, mas síntese –
que parece haver de se resolver o conflito." (Teilhard
de CHARDIN, O Fenômeno Humano)
Observando
os dois “lados”, posicionamentos tão contrários, não foi difícil de
constatar, que a aparente contradição só pode ser resultado do conflito de
modelos de humanismos ainda não totalmente assimilados no âmbito
civilizacional atual, mas que já se encontram superados nas altas esferas
de reflexão como as de homens como Cardin e Xavier Subiri.
Assim, talvez não seja mais atual, analisar a
atuação dos Jesuítas sob a ótica do Humanismo racionalista, do
Humanismo existencialista e do Humanismo Marxista, que marcaram o
“mundo moderno” em oposição ao “mundo medieval”, período no qual nasce a obra
de Santo Inácio de Loyola, e que teve a missão de não pertencer nem a um
nem a outro, estando ao mesmo tempo imersa na dicotomia dos dois.
Mas,
ainda assim, não ficou claro para mim qual era aquela essência da formação
Jesuítica capaz de imprimir tanto caráter ao mundo moderno, e que, de
certa forma, foi capaz de incomodar tanto à Igreja como ao Mundo,
Minha
pesquisa, que surgiu do antagonismo entre a conversa com um monge e as
aulas na Faculdade de Educação, me faz questionar, qual é a essência dessa
educação, qual sua filosofia implícita, e, se ela existe, verificar
historicamente qual o seu resultado.
Talvez, por representarem uma potente renovação
espiritual dentro do Cristianismo, o jesuitismo tenha sido atacado
pelos protestantes, pelos iluministas, pelos “católicos” de conveniência, e,
por outro lado, defendidos por conservadores e ultramontanos, dificultando
assim a compreensão do fenômeno espiritual iniciado por Loyola e que
perdura até hoje.
Quero procurar nos documentos, uma
educação baseada em valores outros que não a do modelo econômico
capitalista, que poderia ser a base de uma sociedade comunal, mais justa.
1 - Para além da
modernidade, o resgate da experiência religiosa
A modernidade foi caracterizada por embates surpreendentes
e até apocalípticos entre fé e razão, a começar pela crítica iluminista contra
a religião como poder e superstição, até a subida ao poder do regimes ateus
totalitários capazes de transformar o sonho da razão em pesadelos que nem mesmo
Goya poderia sonhar. Dos avanços científicos do racionalismo e empirismo, a
revoluções cada vez mais sangrentas em prol de um “Mundo Melhor”, culminamos
intelectualmente em um Existencialismo que condena o Homem a ser livre e ao
suicídio. Atacada por todas as partes, a
Cristandade, formada no eurocentrismo cultural que vivenciamos hoje, foi sendo
demolida, e como resultado da libertação das forças espirituais que emanam
daquelas ruínas, vemos a religiosidade crescer cada vez mais, fragmentada em
seitas, próprio do fenômeno sociológico de expansão desordenada da
religiosidade livre (LE BON, cap. IV, 2005), que apontam não para o declínio,
mas, para a expansão do fenômeno religioso, componente essencial do fator
civilizacional.
Ao
desenvolvermos a noção de civilização podemos facilmente tomar esta como
sinônimo de cultura, e então, o que entendemos por civilização nada mais é que a expansão da própria vida
humana. Nesse desenvolvimento cultural não contam apenas elementos de ordem
racional e material, mas também, os de ordem espiritual (MARITAIN, p.94-95,
1942).
Até
pouco tempo atrás, essa afirmação poderia parecer extremamente religiosa,
devido ao ranço positivista antimetafísico que temos em nosso pensamento
acadêmico. Agora, começam a ser ventilados entre nós escritos da ciência das
religiões, como disciplina autônoma, o que nos permite tratar certos assuntos
de maneira mais ampla, sem que para isso, recorramos ao pensamento puramente
religioso\mitológico e confessional.
Mesmo
que o fizéssemos em nada ficaríamos a dever com relação a uma apresentação puramente acadêmica, uma
vez que, até Platão, não prescindiu do mito para expor seu sistema Filosófico
e, a própria noção da Filosofia deriva também de uma explicação mitológica.
Segundo
o mito, a noção de filosofia é intimamente ligada ao deus Eros. O amor, Eros,
foi concebido quando Vênus nasceu e os deuses estavam festejando. No fim da festa,
quando os deuses estavam embriagados, Pênia (a pobreza) se pôs a mendigar
enquanto Poros (a riqueza) dormia embriagado, aproveitando-se dele, Pênia engravida
e tem como filho Eros. Como filho de Poros e Pênia, Eros herda as características
de seus país, de um lado é pobre e grosseiro, mas está sempre próximo dos
belos, dos bons, é valoroso intrépido e diligente e traiçoeiro é apaixonado
pela sabedoria, passa a vida a filosofar, é um charlatão, um sofista, não é nem
imortal, nem mortal, mas em um mesmo dia, floresce, vive, se tem abundância de
recursos, morre e depois volta a viver de acordo com a natureza de seu pai. Mas
aquilo que ele procura e quer sempre escapa de suas mãos, de modo que o Amor
nunca é pobre nem rico, se encontra sempre entre o ter e o não ter, entre a
sabedoria e a ignorância. Assim, o Amor é um filósofo, pois é pobreza,
aspiração, ignorância, mas é também engenho, abundância, possessão, sabedoria.
Assim a filosofia é amor à
sabedoria, enquanto não é possessão, mas desejo de possuir, aspiração, busca,
tendência. Não é a sabedoria, mas somente amor “de” ou a busca da sabedoria.
Para que exista o desejo da sabedoria, é necessário que antes exista a
admiração que é o descobrimento do ser. Portanto para conhecer, é necessário
não estar em absoluta ignorância (pois assim, nem sequer desejaria conhecer),
mas tão pouco haver conseguido alcançar a plena sabedoria. O amor à sabedoria é
o intermediário entre a ignorância e o conhecimento. A filosofia não é a
possessão plena do ser - que é o que produz o espanto, origem da filosofia –
mas o querer possuí-lo. E somente o ser, o todo, enquanto conhecido, pode
saciar esta aspiração ou tendência fundamental.
Como vemos, o mito nos ajuda a
compreender uma realidade mais sublime, porém não inexistente ou projetada. O
mesmo acontece com a religião que se exprime nos elementos sagrados. “O sagrado manifesta-se sempre como uma realidade
inteiramente diferente das realidades “naturais”,
mas que em termos de linguagem, sugere tudo o que “ultrapassa a experiência
natural do homem mediante termos tirados dessa mesma experiência natural.”
(ELIADE, p.12, 1992).
Só o homem é capaz do sagrado, só o
homem é capaz da filosofia, ele está no Cosmos mas não criou o Cosmos, e este é
algo que o transcende, o homem é um ser mas não criou o ser e este lhe
permanece sempre estranho, sempre uma possibilidade. Nesse sentido, a filosofia,
e com ela a inteligência do homem, é uma ponte entre o finito e o infinito.
Longe da crítica Iluminista da
Religião como dominação e superstição, distante da neurótica e neorotizante
visão de um deus pai exaltado freudiana, explicitada em “Totem e Tabu” e “O
Futuro de uma Ilusão”, longe de um Deus criado à imagem e semelhança do homem,
que mais simplifica o fenômeno religioso do que o explica, preferimos nos
aproximar de nosso tema utilizando o conceito de hierofania cunhada por Eliade. Para o respeitável professor de Bucareste,
“O homem toma conhecimento do sagrado porque este se
manifesta, se mostra como algo absolutamente diferente do profano. A fim de
indicarmos o ato da manifestação do sagrado, propusemos o termo hierofania.
Este termo é cômodo, pois não implica nenhuma precisão suplementar: exprime
apenas o que está implicado no seu conteúdo etimológico, a saber, que algo de
sagrado se nos revela. Poder-se-ia dizer que a história das religiões – desde
as mais primitivas às mais elaboradas – é constituída por um número
considerável de hierofanias, pelas manifestações das realidades sagradas. A
partir da mais elementar hierofania – por exemplo, a manifestação do sagrado
num objeto qualquer, uma pedra ou uma árvore – e até a hierofania suprema, que
é, para um cristão, a encarnação de Deus em Jesus Cristo, não existe solução de
continuidade. Encontramo-nos diante do mesmo ato misterioso: a manifestação de
algo “de ordem diferente” – de uma realidade que não pertence ao nosso mundo –
em objetos que fazem parte integrante do nosso mundo “natural”, “profano”. (ELIADE, p. 13,1992)
A visão que faz do fenômeno religioso
uma sublimação, uma criação, uma idealização ou mesmo uma projeção ligada a
concepções historicamente comprometidas com o iluminismo e a luta dos humanismos
desses últimos séculos, pode, com maior possibilidade de interpretação, ser superada pelos estudos de grandes pensadores
como René Girard e Eric Voegelin. O
comentário desse último a respeito do
povo de Israel e a Revelação são particularmente impressionantes:
“A
sensibilidade espiritual do homem que abriu sua alma para a palavra de
Yahweh, a confiança e a fortaleza necessárias para fazer desta palavra a ordem
da existência em oposição ao mundo e a imaginação criativa usada para a
transformação do símbolo de servidão civilizacional no símbolo de libertação
divina – essa combinação é um dos grandes e raros eventos na história da humanidade.
Esse evento leva o nome de Abraão. (Voegelin. p. 253, 2009).
Se no passado a
religião poderia ser fator de desunião, pois era o espírito da polis, altamente
particularizada, identificada com línguas e grupos sociais, com o advento do Cristianismo isso muda, pois em sua essência,
o sobrenatural da religião é o fator que possibilita unidade universal, uma vez
que, não é produto do interesse humano, não é do mundo, nem da raça, nem da
nação, nem comprometida com um modelo civilizacional, nem de uma cultura
específica. (MARITAIN, p.42, 1942), e é
por isso, que, para Chardin, o Cristianismo é a única salvação histórica para o
mundo, mas não um cristianismo comprometido com o poder, maniqueísta, irreal,
mas um Cristianismo cuja base da fé seja a mística. E nos Exercícios
Espirituais de Santo Inácio de Loyola, podemos encontrar, vários aspectos
necessários para que o homem volte a viver uma vida com uma visão amorosa de um
universo transfigurado (RIDEAU, p.40, 1965).
2-
Conveniências e inconveniências históricas
A formação histórica Latino Americana deve, em
muito de seus aspectos à atuação da Companhia de Jesus, de José de Anchieta no
Rio de Janeiro e São Paulo, João Felipe Bettendorff no Maranhão; a Antônio Ruiz de Montoya, no Paraguai. A atuação da companhia é um assunto comum a boa
parte dos povos da América do América do Sul.
Nove anos depois de sua fundação, 15 dias depois de chegar ao Brasil, tinham
início as missões para catequisar os índios e conter os colonos. Nóbrega
funda na Bahia o Colégio dos Meninos de Jesus, começando por agregar
em torno de si os curumins para lhes ensinar e catequizar, depois, funda outros
colégios em São Vicente, Porto Seguro, Ilhéus, Pernambuco, Rio de Janeiro,
São Paulo.
Por outro lado, os Jesuítas contribuíram também
para preservar a identidade cultural indígena, compilando as línguas dos
nativos em gramáticas e glossários (ver Pe. José de Anchieta – “A Arte de Gramática da Lingoa mais usada na costa do Brasil” e, Pe. Antônio Ruiz de Montoya - “Arte de La Lengua”), que permitiu que se falasse
a língua nativa até o século XVIII em todo o sul da colônia.
Toda essa ação heroica, acontece no
contexto de mudança civilizacional, e mais especificamente, no início do
que depois se chamou Modernidade, marcados naquele momento pelo descobrimento
da América e pela Reforma Protestante. Toda história da América se inicia juntamente
com a formação da subjetividade moderna.
Neste contexto, a catequização aconteceu ao mesmo tempo que a colonização e
expansão do capitalismo e, portanto, ocorre do ponto de vista de uma visão
Eurocêntrica, que aliada a interesses econômicos, acabou por gerar grandes
genocídios humanos e culturais. Nesse sentido, houve mais propriamente a
implantação de um modelo de Cristandade, e não do Cristianismo em sua essência.
Quando falamos em Cristandade, nos referimos ao
Cristianismo que se historicisou na Europa e assimilou o mundo Grego, Romano e o Judaico.
Mas, o Cristianismo não se reduz a isso, e poderia, se houvesse tempo, se
materializar nas culturas Americanas de outra forma, e, foi isso, o que os
jesuítas procuraram realizar.
Basta olhar para as mais potentes manifestações religiosas do Cristianismo na
América Latina como a devoção a Nossa Senhora de Guadalupe e Nossa Senhora
Aparecida, para notar o caráter interracial e regional dessas
manifestações.
O que queremos dizer é que, a proposta da
Pedagógica da Companhia de Jesus, embora já identificada com o poder, não
essencialmente, depende de qualquer modelo de poder. Não podemos esquecer a
luta da Companhia a favor dos Índios, a República Guarani, e a enculturação.
Quando os missionários Franciscanos e Dominicanos tentavam levar a palavra de
Deus para a China, foram rechaçados e martirizados, pois
queriam pregar o Cristianismo Ocidental, que nada tinha a ver com a
cultura chinesa. Ao mesmo tempo, os Jesuítas, abandonando o hábito talar e
vestindo roupas de mandarim, se apresentavam como arquitetos,
relojoeiros, astrônomos, e rezando a missa em chinês, sentados em posição de
lótus, por mais de uma vez, quase conseguiram a adesão da China ao
Cristianismo na pessoa do Imperador.
Na América Latina salta aos olhos o esforço missionário que deu
origem à República Guarani. No entender de Hugon, “A republica Guarani foi, por seu lado, uma
sociedade fraternal organizada segundo os princípios cristãos, no sentido em
que a fraternidade estava praticamente inscrita na sua estrutura, seu
regime de propriedade, seus modos de produção, e distribuição, em todas as
suas instituições.” (p.10, 1968)
Pierre François Xavier de Charlevoix, SJ (1682-1761),
fala “dessas repúblicas cristãs, de
que o mundo ainda não vira o modelo, e que fundadas no meio da mais feroz
barbárie, num plano mais perfeito que o de Platão, do chanceler Bacon e
do ilustre autor de Télémaque, por homens que cimentaram seus
alicerces apenas no próprio suor e sangue, que , animados apenas pelo gládio da
palavra e de Evangelho em punho, afrontaram o furor dos
selvagens mais intratáveis, civilizaram-nos e deles fizeram cristãos que,
século e meio depois, causam a admiração de todos os que os viram mais de
perto.” (In: HUGON, p.10-11,1968).
Na Europa, a influência da Companhia, ia desde os palácios até às
prisões. O religiosos mantinham estreita ligação com o povo,
tratavam com toda a gentalha, até o mais baixo nível social. Atraiam para
os Exercícios, lacaios, cocheiros, se metiam nos hospitais, nas galeras e
nas prisões, atraindo a atenção de Carlos III (1759 - 1788) da Espanha,
pois “na
maneira de pensar do monarca não cabia ao povo nem refletir nem se queixar, mas
apenas obedecer.”
(MILLER, p 116, 1946).
Com a subida ao trono de Portugal de José Francisco António Inácio Norberto
Agostinho de Bragança, D. José I (1750 – 1777), homem medíocre que não tinha
outro interesse senão o de cortejar as cortesãs, o governo passa a
ser exercício por José Sebastião José de Carvalho e Melo, primeiro Conde
de Oeiras e Marquês de Pombal, o “Richelieu” português. Este para
consolidar seu poder, ataca a Companhia de Jesus, não por “altos ideais”
humanistas, mas simplesmente pelo fato de esses apoiarem a aristocracia
que lhe era hostil.
Com o tempo, a perseguição contra a Companhia espalhou-se para França, Espanha, os reinos de Nápoles e da Sicília.
Em 2 de fevereiro de 1769 morre Carlo Dela Torre Rezzonico, o Papa Clemente
XIII, com a eleição do cardeal Canganell que assume o sólio pontifício com
o nome de Clemente XIV (1769 – 1774). Para garantir o reconhecimento de sua
eleição, cedeu à pressão dos Bourbons e de Pombal, e suprimiu a Companhia
de Jesus em 1773 com o breve Dominus ac Redemptor noster.
Com tal onda de perseguição, tivemos o fechamento das casas dos Jesuítas em
todo mundo, a destruição da República Guarani, da grande obra dos
aldeamentos na Amazônia que em 1754, ombreava, senão até superava, as Reduções
do Paraguai, atrasou a ocupação da
Amazônia, só retomada em uma outra lógica com regime Militar a partir de 1964, e
pôs fim definitivo ao apostolado na China. É por isso que Eduardo
Prado, diz que a obra perseguidora de Pombal foi para o Império Português um
novo Alcacer Kibir. (In: Os Jesuítas do Brasil e da Índia na Perseguição
do Marques de Pombal (século XVIII), ABL, Escola Tipográfica Salesiana, Baia,
p, 17, 1936). Com a batalha de Alcácer
Kibir (04 de agosto de 1578) ocorre o
maior desastre militar da História de
Portugal que, além do número de mortos,
marcou o fim do período do Império
português na Índia e o principio do fim da segunda dinastia portuguesa e os 60
anos de governo estrangeiro em Portugal.
Não era a luta dos defensores da liberdade contra o obscurantismo da
Igreja, mas sim a luta do Absolutismo racionalista contra a liberdade
cristã.
Ainda no
século XX pode-se sentir a
influência da Companhia na atuação de seus homens Teilhard de Chardin
(1881-1955), Karl Rahner (1904 -1984) Bernard Joseph Francis Lonergan
(1904-1984) com o
Método Empírico Generalizado, Rutilio Grande García morto em 1977 na
luta contra o regime ditatorial de El Salvador, Dom Luciano Pedro Mendes de
Almeida (1930 – 2006), irmão Guy Consolmagno (astrônomo), Oscar Gozález
Quevedo (parapsicólogo), e agora, na semana em que estamos finalizando nossa pesquisa, vemos nossa
intuição sendo confirmada pela subida ao sólio pontifício do cardeal Jorge Mario Bergoglio S.J., “Qui Sibi Nomen Imposuit Franciscum”,
com a missão de revigorar a Igreja no terceiro milênio, inaugurando uma nova
“dinastia” de papas, voltados para o
“mundo” fora da Europa.
O que moveu esses homens? Fanatismo? Sucesso? Holofotes? Dinheiro? Política? A
diversidade e a radicalidade dos testemunhos desses homens, basta por si
só para rever nossos conceitos de análise, geralmente ideológicos,
e repensar, procurar, o núcleo vital que fez mover tantas vontades, já que os “Exercícios
“não dizem respeito à política, não é um conteúdo a ser ensinado, não
estimula a escalada social, mas, atingem o fundo do coração do
Homem. Precisamos sair do modo obscurantista de analisar a religião e
descobrir no fenômeno religioso a riqueza humana que o gerou.
Desde o final do século XIX, que já temos a ciência das
religiões estabelecida como disciplina autônoma, e que pode ser usada
para a compreensão da realidade humana, uma vez que, o que acontece com a
redução da explicação da realidade com base nas ciências
experimentais nada mais é do que o conhecimento da matéria e não do
humano. Assim vemos hoje a ciência procurar explicar o amor, a
religião e afins, como simples fenômeno material. (DN Ciência, 2013).
Não se trata absolutamente disso, pois assim voltamos ao problema do
conhecimento formulado por Pascal que diz que só podemos
conhecer as partes se conhecermos o todo em que se situam, e só podemos
conhecer o todo se conhecermos as partes que formam o Todo, que no caso do ser
humano, não pode ser reduzido materialmente à soma das partes. É por assim
dizer, o problema colocado por Mary Shelley quando faz seu Doutor Victor Frankenstein, a partir de partes de indivíduos mortos, construir a
dar vida à uma criatura.
O Homem, vê no universo material, sempre algo que o transcende.
Nas sociedades pré-modernas, o sagrado era evidente, porém, o homem
ocidental viu a religião ser usada como instrumento de poder, como ideologia
de dominação, e isso gerou uma reação que, com o auxílio da
ciência, o libertou desse julgo totalitário que se utilizava das superstições
para controlar o indivíduo e as massas.
Por outro lado, a ciência nos fez acreditar que eram apenas superstições
o que o Homem pré-moderno acreditava. No caso mais recente do Protestantismo, estes ainda vêem na
veneração de imagens pelos Católicos, assim como na
veneração de “pedras” e “árvores” pelos povos primitivos, superstições, mas não
conseguem perceber as “hierofanias”, que revelam algo que já não o objeto
material, mas o sagrado. (ELIADE, p. 13,1992)
3 – A Espiritualidade de Santo Inácio de
Loyola
As escolas espiritualistas se desenvolveram ao longo da História do
Cristianismo. No período da Patrística, começam a ser elaborados os
escritos que servirão de base para a ciência da espiritualidade, com duas
grandes sínteses, a de Cassiano no Ocidente e a de São João Clímaco no Oriente.
Tratam-se do resumo de toda a espiritualidade monástica dos quatro
primeiros séculos.
Na Idade
Média, temos várias escolas que elaboram e sintetizam os elementos de
espiritualidade pelas obras dos santos Padres, destacando a Escola Beneditina,
a de São Vitor, a Dominicana, a Franciscana, a escola Mística Flamenga que
conta entre outros com o famoso Tomás de Kempis.
Na Idade
Moderna, a escola Beneditina conserva suas tradições mas faz
significativos avanços no que diz respeito à precisão doutrinária, a
escola Dominicana explica e sintetiza com clareza e método a ascese e a
contemplação, e, surge a escola Inaciana (de Santo Inácio de Loyola –
Fundador da Companhia de Jesus – 1491 - 1556).
A escola
Inaciana é caracterizada por pregar uma espiritualidade ativa,
enérgica, prática, com o intuito de formar a vontade, reformando e
transformando a alma. Não se trata de uma espiritualidade nova, mas do
requinte, que condensa um vasto movimento de alma e de pensamento,
desenvolvidos ao longo dos séculos, que remontam à origem do
Cristianismo. Para melhor conhecer suas características, temos que nos
servir dos escritos de Santo Inácio, plasmados nas Constituições e Cartas, na
Narração do Peregrino e nos Exercícios Espirituais. Iñigo Lópes de
Loyola, era homem militar de origem nobre, de costumes mundanos,
que em 1521, quando a cidade de Pamplona foi sitiada pelos Franceses,
sofreu grave ferimento na perna quando da defesa da praça
forte. Levado para o castelo de Loyola, homem de atividade que era, teve
que ficar um ano em repouso,
tempo no qual acabou por se familiarizar com a piedade cristã e a
contemplação. Dizem seus biógrafos, que de leitura serviram-lhe o
“Ejercitatorio de La vida spiritual” do Abade Cisneros, de Monte-Serrate, uma
compilação de São Bernardo, dos Vitorinos, e dos Cisneros, e dos mestres
Neerlandeses da “devotio moderna”; o
segundo era a “Imitação de Cristo”, de Thomas de Kempis.
A leitura
desses manuais ofereceu a Inácio a concepção de que a vida virtuosa
não consiste em práticas exteriores de penitência, mas na purificação da alma e
o abandono à vontade de Deus. Também o fez perceber a necessidade da ordenação
metódica da vida interior, para impedir que a alma fique à mercê
do momento e da vaidade. Estes são os princípios básicos
dos exercícios a que ele próprio se submeteu em sua experiência
individual na gruta de Manresa, e que depois se tornou “Livro de Exercícios
Espirituais”, e que fez com que seu autor experimentasse uma vivência
íntima de lutas interiores em um amálgama do espírito militar e elevação
mística, que proporcionou a Inácio ordenar os afetos, as imagens, as
divagações, os temores que borbulhavam em sua alma. (TÜCHLE,
G & BOUMAN.C.A, p.132-133, 1971)
Inácio funda a Companhia de Jesus juntamente com Pedro Fabro, Francisco Xavier,
Alfonso Salmerón, Diego Laynez, Nicolau de Bobadilla e Simão Rodrigues, e
juntamente com os Exercícios, dá a ela uma Constituição. As
constituições da Companhia de Jesus e os Exercícios Espirituais se
complementam mutuamente, numa relação como a de espírito e corpo, teoria e
prática, cujo “coração pulsante” é o amor.
Tudo aquilo que foi meditado nos “Exercícios” passa para o plano
prático nas Constituições, e se transformam em atitudes, tendo por
ideal, simplesmente servir e agradar a Deus. Quando Inácio
propõe para seus companheiros a pobreza absoluta, leva em consideração motivos
espirituais e também fatores naturais do ser humano, e com isso, tem
por escopo:
“Maior
força espiritual da Companhia, mais devoção e mais semelhança com
Jesus Cristo;
A Destruição de toda ambição humana;
Maior união com a Igreja e
conformidade maior com Jesus Cristo sacramentado;
Mais pura esperança em Deus;
Mais humildade com Jesus Humilhado;
Privação de todo consolo humano;
Maior esperança e diligência;
Maior edificação;
Mais liberdade de espírito e maior
eficácia nos ministérios;
Maior estímulo para trabalhar;
Maior força para persuadir a pobreza;
Melhor disposição para as peregrinações
e trabalhos;
Mais perfeita prática da pobreza;
Mais pura aceitação da doutrina
evangélica;”
(LOYOLA, p.267, 1952 - Deliberação sobre a Pobreza).
No plano prático, as constituições vão exigindo do Jesuíta o
desprendimento de tudo: criaturas, honras, riquezas. Da meditação sobre
as duas bandeiras nos Exercícios, temos uma prosposta clara de escolha para o
indivíduo e nas Constituições se dá o direcionamento prático. Os
Exercícios são de cunho essencialmente individual e as Constituições
têm seu aspecto estritamente social. Com os Exercícios se
dá um método para que em um determinado tempo se vá diretamente à alma, se
estabeleça as relações entre Deus e a pessoa, nas Constituições a vida da
Companhia é ordenada como um todo, nas relações internas, jurídicas,
práticas de ação e de hierarquia.
O texto dos Exercícios
Espirituais de Santo Inácio de Loyola, pode ser condensado em um
pequeno livro de cem páginas. Não é uma obra colossal. Não é feita para
ser lida, mas para ser vivida com a orientação de um diretor espiritual
experiente. Seus elementos essências são três: as anotações, os
exercícios e as meditações, que podem ser cumpridos em mais ou menos trinta
dias, e adaptado de acordo com o perfil do exercitante. Já de início,
oferece os princípios e os fundamentos da vida cristã e explica como se
deve praticar os exercícios. Na primeira semana, faz considerações
sobre os fins últimos do homem, depois de aprender as regras de exame
e meditação, concentra as considerações sobre o pecado e o inferno.
Na segunda semana, o exercitante, coloca-se diante de Jesus e de seu reino, a
fim de compreender profundamente a obra do Verbo encarnado e estar em condições
de fazer eleição de uma vida fiel aos princípios dessa obra. Nas
terceira e quarta semanas, - a terceira parte dos exercícios que consistia em
meditação sobre a morte e ressureição de Cristo - se
fortalecia a eleição feita pelo exercitante para seguir o caminho escolhido.
Falando mais especificamente, Exercícios Espirituais visam dispor o
indivíduo a ordenar sua vida, sem determinar-se por afeição alguma que seja
desordenada. Loyola considera que Os Exercícios Espirituais são análogos a
exercícios físicos, e, compreendem toda forma de examinar a própria
consciência, contemplar, meditar....
A décima
quinta anotação “aquele que dá os exercícios, não deve mover ao que recebe
mais a pobreza nem a promessa ,que a seus
contrários, nem a um estado ou modo de viver, que a outro. Porque, dado
que fora dos exercícios, lícita e meritoriamente, podemos mover a
todas as pessoas, que provavelmente tenham condições, para
escolher continência, virgindade, religião e toda maneira
de perfeição evangélica; também nos tais exercícios espirituais mais
conveniente e muito melhor é, buscando a divina vontade, que o mesmo
Criador e Senhor se comunique à alma devota, abrasando-a em seu amor e
louvor, dispondo-a no caminho que melhor poderá servir mais adiante. De
maneira que o que prega os exercícios não separe, nem se incline a uma
coisa nem a outra, mas estando no meio como um peso, deixe agir o Criador
com a criatura, e a criatura com seu Criador e Senhor.” (LOYOLA,
p. 157, 1952 - Ejercicios
Espirituales)
No âmbito da piedade Cristã, os exercícios são uma forma de preparar e dispor a
alma para que, retamente ordenada, possa em tudo, amar e servir sua Divina
Majestade. É uma escola de oração, de intima união com Deus, através da
eleição.
Terceiro ponto do segundo exercício de meditação
“olhar para seu eu diminuindo-me por exemplos: primeiro, quanto sou eu em
comparação a todos os homens; Segundo que coisa são os homens em comparação de
todos os anjos e santos do paraíso; terceiro olhar para o todo criado em
comparação a Deus. Quarto, olhar para minha corrupção e feiura corpórea;
Quinto olhar-me como uma chaga e abscesso de onde saem tantos pecados
e tantas maldades e veneno torpíssimos. (Ibidem, p 172)
Discernindo então o bem e o mal, os Exercícios colocam o
Homem diante de uma escolha.
Preâmbulo para considerar os estados
da alma:
“Meditação das
duas bandeiras – A de Cristo, sumo capitão e Senhor nosso; a outra de Lúcifer,
mortal inimigo de nossa natureza humana.” P .186 - essa
Meditação encaminha para a completa ordenação do entendimento, para impedir que
a alma se engane na orientação da vida. Terceiro
preâmbulo: determinar o que quero; e será aqui, pedir conhecimento dos
enganos do mau caudilho e ajuda para deles me guardar, e conhecimento da vida
verdadeira que mostra o sumo e verdadeiro capitão, e graça para o imitar.
(Ibidem, p.186)
Para tomar notícia de que coisas
se deve fazer eleição.
Primeiro
ponto “O primeiro ponto: é necessário que todas as coisas, das quais queremos
fazer eleição, sejam indiferentes ou boas em si, e que militem dentro da Santa
Madre Igreja Hierárquica, e não más nem repugnantes a ela”.
“Nas
coisas onde há mais trabalhos corporais, pessoas mais robustas e sanas.
Nas
que há mais perigos espirituais, pessoas mais provadas na virtude e mais
seguras.” (Ibidem, p. 513 - Constituições –
Sétima parte, capitulo 2)
“Todas as
coisas que existem sobre a terras são criadas para o homem, para que lhe ajudem a alcançar o fim para que
foi criado. Então, o homem pode se utilizar delas, se ajudarem a
alcançar seu fim, ou, deixa-las de lado a medida que o impedem. Portanto,
devemos nos fazer indiferentes a todas as coisas criadas, em tudo o eu é
permitido à nossa vontade, e não lhe está proibido, de tal maneira que não
queiramos de nossa parte mais saúde que enfermidade, riqueza que pobreza, honra
ou desonra, mais v ida longa do que curta, e assim, com todas as outras
coisas; somente desejando e elegendo o que mais nos conduz para o
fim para que fomos criados.” (Ibidem,
Idem, p 162)
“Cada
vez que o homem caia no pecado ou no defeito particular que
pretendeu corrigir, ponha a mão no peito, aflito por haver caído (de
modo discreto para que outros não percebam o que faz)”
(Ibidem, idem, p. 163)
Inácio, considera três
pensamentos: um que é próprio dele, o que provém da minha própria
liberdade e querer, e os outros dois que vêm de fora, um proveniente do bom
espírito e outro do mal.
Contemplação para alcançar
o amor
“O amor deve ser posto mais nas obras que nas palavras.
Segunda
– o amor consiste na comunicação das duas partes, é a saber, em dar e
comunicar o amante ao amado o que tem ou o que tem ou pode, e assim, ao
contrário, o amado ao amante; de maneira que se um tem ciência, dar ao que não
a tem, se honras, se riquezas, e assim, um ao outro.” (Ibidem, idem p.
204)
No segundo
perambulo, Loyola, pretende trazer à
memória todos os benefícios recebidos da criação, redenção e dons
particulares, as maravilhas da criação. Nesse ponto está a consideração,
que posteriormente foi transformada na belíssima oração de Sto.
Inácio:
Tomai, Senhor, e recebei toda a minha liberdade e a minha memória
também.
O meu entendimento e toda a minha vontade, tudo o que tenho e possuo vós me destes com amor.
O meu entendimento e toda a minha vontade, tudo o que tenho e possuo vós me destes com amor.
Todos os dons que me destes com gratidão vos devolvo.
Disponde deles, Senhor, segundo a vossa vontade.
Dai-me somente o vosso amor, vossa graça.
Isto me basta, nada mais quero pedir. (Ibidem, idem, p. 205).
Em
seguida, temos a contemplação dos mistérios da vida de Jesus (Ibidem,
idem, p.209-206). Vale a pena ressaltar o detalhe que, nos exercícios, não é
dito o que o exercitante deve pensar, mas sugerido a ele, imaginar as cenas, o
ambiente, ou seja, vivenciar mentalmente, o evangelho.
Aquele
que entra nos exercícios Espirituais, deve fazer a entrega de todo o seu
ser, sua alma, inteligência e sensibilidade. Exercitar-se espiritualmente é
fazer desencadear no íntimo do indivíduo poderosos movimentos da
paixão, de amor, de ódio, de tal modo que cada uma das suas
palavras e cenas meditadas provoque uma introspecção capaz de mover
de forma irresistível a vontade, de modo a se tornar incapaz de ceder ao
mal em virtude do próprio amor que terá cultivado dentro de si. A
finalidade dos Exercícios nada mais é do que a de conhecer-se melhor e a
de governar sua alma. Os exercícios situam a criatura face a seu
criador, realizam a experiência da liberdade e a educam com a aquisição da
indiferença, conduzem à ação, educam a obediência e a consciência comunitária.
O Exercícios colocam Deus no centro da vida, ensinam a ver tudo, a julgar
tudo segundo Deus, dão a alegria da fé, robustecem a autonomia e a
responsabilidade própria, diante de Deus, dão força para romper com a
influência da massa e para resolver por si mesmo e agir de
acordo com sua consciência.
5 – Os Exercícios Espirituais, um exercício de liberdade.
Considerar o caráter da educação Jesuítica poderá revelar uma ação mais
positiva e progressista, diferente das críticas de seus acusadores, e da pieguice de
seus defensores.
Para tanto temos que nos afastar de certos estereótipos
que já viraram lugar comum, e hoje não funcionam mais como explicação da
realidade.
O Homem, ao longo da história, construiu três grandes sistemas
interpretativos do Mundo que são: a Religião, a Filosofia e a Ciência.
Sabemos que, há cinco séculos no Ocidente, o
modelo medieval vem sendo desconstruído, e no campo social e político passamos por
várias revoluções que visam a reformulação de todo o sistema. Temos a Reforma
Protestante, a Revolução Francesa e a Revolução Comunista, que constituem eventos
que transformaram o mundo. No âmbito da Igreja, houve o Concílio Vaticano II
(1962-1965) que por sua vez, foi também um evento que mudou atuação do
catolicismo, no sentido de abrir a Igreja para toda a pluralidade e
complexidade do mundo moderno. A Igreja demorou cinco séculos para superar a
Idade Média, e agora, trabalha na construção de uma nova Cristandade, diversa
daquela que existiu até hoje.
Nesses cinco séculos, a religião não foi superada, o que houve, foi um desmonte dos sistemas
de significação do mundo baseados na metafísicas e no sagrado, mas, achar que
isso é a essência dos sistemas de significação é não perceber que
uma vez feita a desconstrução, o que acabou ficando foi o que não foi capaz de
ser resignificado nem racionalizado sob nenhum aspecto. A maior parte da
população mundial ainda se move dentro dos esquemas religiosos de
interpretação do mundo.
Há aí uma ambiguidade típica da pós modernidade. Há uma crescente recusa
dos indivíduos modernos em aceitar os preceitos da religião, em especial
da Igreja Católica Apostólica Romana devido a inclinação “totalitária” dessa,
bem como de outras religiões, ao mesmo tempo que, “a fé surge então no coração da modernidade tardia, como uma
categoria teológica carregada de novos sentidos: recorda a finitude
intrínseca e a contingência inevitável que marcam a condição histórica e linguística
de todo projeto social, sexual, econômico ou religioso. Mas sobretudo, inaugura um
horizonte de vida e de compreensão marcado pela gratuidade do real.”
(MENDOZA-ÁLVAREZ, p. 59; 48, 2011).
O sagrado mediado pela fé constituem um dos fatos que faz com que o ser
humano se liberte do seu próprio ego em um processo de abertura do sujeito
para uma realidade cósmica e inclusiva, e que portanto o libertaria das visões
ideológicas dos sistemas que nos tentaram enquadrar durante o século XX, tanto
em seus aspectos ideológicos como econômicos (comunismo e capitalismo).
Nesse sentido, Boff nos explica que o homem possui duas dimensões
distintas constituintes de sua realidade que são a imanência e a transcendência.
A transcendência foi trabalhada pelas religiões em uma lógica dicotômica, Deus
lá em cima no céu, e cá embaixo a imanência; céu, inferno; Deus, Mundo; corpo,
alma. (BOFF, 2000).
Criticar a compreensão dicotômica entre o transcendente e o imanente é o
momento de interpretação da realidade que temos atualmente. Esse esquema nos
permite negar o transcendente em favor dos aspectos imanentes da realidade
humana.
De agora em diante, já temos ferramentas parta compreender que o imanente
e o transcendente são dimensões de uma única realidade, a realidade
humana.
Como diz Morin, “vivemos numa realidade
multidimensional, simultaneamente econômica, psicológica,
mitológica, sociológica, mas estudamos estas dimensões separadamente, e não
umas em relação com as outras” (MORIN, p.2, 2013).
A releitura das dimensões transcendente e
imanente do ser humano, pode contribuir em muito para repensar os
valores da sociedade atual, situada em um contexto global de Comunidade
de destino. Nesse sentido, podemos ter como exemplo a mensagem de Bento XVI
para a Assembleia Geral das Nações Unidas que diz que; “O valor transcendente de todo homem e de toda mulher favorece
a conversão do coração, o que produz então um engajamento contra a violência,
terrorismo ou guerra, e à promoção da justiça e da paz” (2008).
Tal contribuição deve se dar pela educação. A educação foi sempre parte do ministério da companhia,
pois como vemos na visão fundamental jesuítica todo o serviço ao próximo tem um
fator de transformação. A educação Jesuítica não é baseada na repetição,
como podem nos fazer crer Toledo e Skalinski
Junior (2011) e Sousa (2003). A
contrário, “nenhuma ação com base na
espiritualidade jesuítica é meramente uma repetição de conteúdo, fórmulas ou ritos,
que por si só não transformam as pessoas, todo serviço ao próximo é um
fator de transformação”. (PACHÓN, 2013).
Assim, podemos entender os “Exercícios” não somente como uma transmissão
de doutrinas e da salvação da alma, mas também como uma ferramenta para o aperfeiçoamento e saúde
espiritual. (Rovira & Calveras In: LOYOLA, p. 161, 1952)
Os Exercícios criam pessoas no sentido de criar o homem adulto plenamente
desenvolvido desenvolvendo o amor e a sabedoria dando consistência da percepção
que tem do mundo, através da unidade e integridade da alma desenvolvida no seu universo
interior consciente de si, capacitando-o a buscar a unidade do
conhecimento na unidade da consciência cognitiva e moral e vice versa. O indivíduo
faz assim uma síntese do humano e do divino na vida para chegar a ter uma
visão coerente do mundo, que represente uma jerarquia de valores. Os exercícios iluminam
a mente apresentado a ela o drama da existência humana, formam o
homem na reflexão e no controle de si mesmo, põe manifestos o valor de
todos os elementos de ordem natural e sobrenatural para a formação da
consciência humana.
Alguém poderia objetar que a mera reflexão sobre o céu e o inferno, por si só
desacreditaria os Exercícios por não serem realidades empíricas ou por entregar
o Homem ao irracional.
Poderia ser, se nós utilizarmos de um referencial conflituoso entre fé e
razão, entre ciência e religião, mas poderíamos entender assim:
“O sagrado é o conjunto dos postulados
aos quais o espírito humano é conduzido pelas transferências coletivas sobre as
vítimas reconciliadoras, no termo das crises miméticas. Longe de constituir um
abandono ao irracional, ao sagrado, constitui a única hipótese possível, para
os homens, enquanto essas transferências subsistirem em sua integridade.”
(GIRARD,
p. 65, 2009)
Dessa forma,
“Por trás dos disfarces
sobrenaturais, a sabedoria empírica dos interditos seria facilmente
identificável se a morna demagogia moderna de transgressão não obrigasse,
mesmo os melhores espíritos, a isolar de seu contexto os aspectos mais absurdos dos
interditos para ressaltá-los. Mesmos disfarces sobrenaturais contribuem para
proteger os homens contra sua própria violência. Afirmando que a infração
acaba na vingança de uma divindade no lugar das rivalidades intestinas, o
religioso trabalha duplamente para desencorajá-las, envolvendo-as num mistérios
que apavora os homens e liberando a comunidade da desconfiança e das
suspeitas que seriam inevitavelmente alimentadas por uma visão menos mística
de ameaça.” (Ibidem p. 64)
Então, na perspectiva girardiana, quando nos Exercícios se fala no
Reino de Deus, podemos entender esse como “eliminação completa e definitiva de qualquer vingança e de todas as
represálias nas relações entre homens.
Jesus transforma tudo isso, na vida
cotidiana, num dever absoluto, uma obrigação sem contrapartida, que exclui
exigência de reciprocidade.” (Ibidem p. 243).
Por fim, podemos dizer que os “Exercícios” como prática pedagógica,
contribuiria para formação do sujeito autônomo na medida em que fosse
utilizado como antídoto à Civilização da Imagem que bombardeia a cada um de nós gerando
a massificação e a despersonalização por via da extroversão excessiva ,opondo-se
a ela por meio do recolhimento interior e da análise e reflexão de que
cada um de nós é criado para conhecer, amar e servir a Deus (que nos coloca acima
de nossa condição meramente animal)..., e que as outras coisas
sobre a face da terra são criadas para o homem, para que o ajudem a
alcançar o fim para que é criado. Donde segue que há de usar delas
tanto quando o ajudem a atingir seu fim, e há de privar-se delas tanto quanto
dele o afastem). (LOYOLA, p.161-162, 1952).
Essa liberdade interior, meditada, o escolher o que me faz bem e o que me faz mal,
beira a autonomia do sujeito que se pretende constituir com uma educação
kantiana, sem as correntes de um imperativo categórico. O homem encontra na correlação imanência-transcendência
uma abertura cósmica, com bases na sua própria natureza que o impulsiona à
alteridade para encontrar aí seu cumprimento.
O tema da formação
do indivíduo autônomo está na ordem do dia
no âmbito educacional.
A sociedade vem
passando por transformações econômicas e tecnológicas que não permitem uma
posição de indiferença. Os valores que
regiam a sociedade até pouco tempo, não
são mais capazes de manter a ordenação
social e individual. Por outro lado,
desde a anulação histórica da religião, vemos a estrutura social ruir em um
processo já cinco vezes milenar de desmonte dos esquemas até então constituídos pelo clero, nobreza, burguesia e povo, que
hoje não são capazes de realizar sua função simbólica ordenadora, e,
assim, a ordem perde sua realidade
estrutural, dando lugar a formas sutis de violência contra o individuo,
traduzindo principalmente na realidade da injustiça social. Por esse motivo, a escola tem um papel
importante na ressignificação da ordem, através da reflexão ética.
Mas
a escola é o lugar de encontro entre duas esferas de significação distintas,
provenientes as duas do povo, mas que tem no seu ponto mais elevado
(professores) a influência dupla no
sentido de ser ao mesmo tempo: povo e
representante de uma certa “elite intelectual” acadêmica. Alunos e professores compartilham da realidade
escolar, trazendo cada um , seus valores e crenças.
Por isso, escola pode
ser uma instituição capaz de repensar, reconstruir, ressignificar e legitimar
valores para esse novo momento histórico. Certamente o processo de reconstrução
moral não deve passar por uma atitude
utilitarista, que tem em si o germe que
esteriliza a própria ação moral.
A Escola só a escola não poderá satisfazer essa exigência superior da moral. Será
preciso recuperar a organicidade da vida social.
Reunificar as dimensões racional e espiritual do ser humano parece
ser melhor caminho do que a artificialidade do imperativo categórico kantiano.
Os Exercícios fazem com que o indivíduo mergulhe dentro de
si, auxiliado por elementos comuns a nossa tradição espiritual, recuperando a
riqueza da tradição cristã, meditando na
humildade, tomada de decisão, escolha entre o bem e o mal, em um caminho de
liberdade e de prática da reflexão e da coerência de vida, opostos ao atual
modelo de vida em que a vontade é movida pelo desejo de consumo.
Ao
contrário do que se possa objetar, não seria necessário a ingerência do
catolicismo nas instituições de ensino e
nem mesmo nas práticas particulares dos Exercícios. Não seria necessário
nem sequer acreditar em Deus (MARTIN, p.28, 2012), pois , o que na verdade está
em jogo nos Exercícios é o
aprofundamento em si mesmo, em um contato profundo com a própria vida,
permitindo que a vida cure a própria vida, ressignificando os
sentimentos de baixeza de exclusão,
reconhecendo suas obscuridades, mas também seus pontos “luminosos”, em
uma viagem auto controlada pelas dimensões do sagrado e do profano que
compreendem nossa existência. Assim como o estudo da Arte não implica em nos
tornarmos impressionistas ou surrealistas, a prática
dos Exercícios não implica necessariamente em sermos ou não cristãos,
uma vez que não se trata de uma aquisição passiva de saber, mas,
em tomarmos distância das emoções de massa, para a libertação interior.
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